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sexta-feira, 19 de março de 2010

Sismos

Os sismos, vulgarmente conhecidos por tremores de terra ou terramotos, são movimentos vibratórios, bruscos e breves da crosta terrestre. Correspondem a vibrações repentinas, normalmente de poucos segundos a um minuto. Produzem-se, principalmente, nos limites das placas litosféricas (também conhecidas por placas tectónicas). As placas litosféricas são grandes massas sólidas com cerca de cem quilómetros de espessura que correspondem à parte superficial da Terra (as placas mais importantes são a Euro-Asiática, a Indo-Australiana, a Pacífica, a Americana, a Africana e a Antárctica). São zonas geologicamente muito instáveis.

Previsão
            É difícil prever um sismo, mas os cientistas vigiam permanentemente as zonas de risco. Tentam detectar os movimentos do solo com a ajuda de um sismógrafo. É um aparelho que mede as mais pequenas alterações de nivelamento do solo. Uma das peças principais é o tambor giratório que está sempre a rodar. Outra parte do sismógrafo constituída por várias peças tem um aparo que está sempre a tocar no tambor. O gráfico obtido no tambor giratório, através do qual se podem observar características da propagação das diferentes ondas sísmicas, designa-se sismograma. Um sismograma, num período sem actividade sísmica, apresenta o aspecto de uma linha quase recta com apenas algumas oscilações. Quando ocorre um sismo, os registos tornam-se mais complexos e com oscilações bastante acentuadas, evidenciando a amplitude (diferença entre o maior valor e o menor valor).
            Numa estação sismográfica existem normalmente três sismógrafos para registar todos os movimentos do solo: dois registam os horizontais e um regista os movimentos verticais.            
            Para vigiar os movimentos laterais utilizam raios-laser. É enviado um raio para um reflector, que por sua vez é reenviado. Se a velocidade muda, é porque a distância mudou: houve um movimento do solo.


Prevenção
            Deve-se prevenir os sismos, para, no caso de ocorrer algum, haver menos prejuízos e consequências graves.
            Antes do sismo as casas devem ter as saídas e os corredores libertados de móveis e outros objectos; as estantes, os móveis pesados, as garrafas de gás, os vasos e floreiras fixos às paredes da casa e os objectos mais pesados nas prateleiras mais baixas das estantes. A casa também deve ter as camas longe das janelas por causa dos vidros e deve ter um extintor para o caso de incêndio. Deve saber-se usá-lo e fazer uma revisão periódica. Todas as pessoas que vivem na casa devem saber como desligar a electricidade, a água e o gás.
            Os locais mais seguros em casa ou num edifício são vãos de portas, de preferência em paredes mestras (principais); cantos das salas e debaixo de mesas, camas ou outras superfícies resistentes.
            Os locais mais perigosos são elevadores; junto das janelas, espelhos e chaminés e no meio das salas e saídas.
            Em casa deve ter-se sempre à mão um estojo de emergência com um rádio a pilhas (para, no caso de haver um sismo, se ouvirem as notícias e as instruções das autoridades), uma lanterna a pilhas, pilhas de reserva, estojo de primeiros socorros (para o caso de haver algum ferimento ou alguém ferido), medicamentos essenciais, agasalhos e alimentos entalados para dois ou três dias.
            Durante o sismo deve manter-se a calma. No caso de estar em casa ou num edifício deve ir-se para um local seguro e manter-se afastado de janelas, espelhos, chaminés e outros objectos que possam cair. Também se deve ajoelhar e proteger a cabeça e os olhos com as mãos e não se deve precipitar para as saídas se se estiver num andar superior de edifício. As escadas podem ficar congestionadas. Nunca se deve utilizar os elevadores.
            Se se estiver na rua não se deve estar perto dos edifícios altos, postes de electricidade e outros objectos que possam cair. Deve ir-se para um local aberto. Se se for a conduzir deve parar-se o veículo, longe dos edíficios, muros, encostas, postes e cabos de alta tensão, e permanecer-se dentro dele.
            Nos primeiros minutos após o sismo deve manter-se a calma mas contar com a ocorrência de possíveis réplicas; não se deve acender fósforos nem isqueiros, pois pode haver fugas de gás; deve cortar-se imediatamente o gás, a electricidade e a água; deve observar-se se a casa sofreu danos graves. Deve sair-se imediatamente se não for segura. Nunca se deve utilizar os elevadores. Deve ter-se cuidado com vidros partidos ou cabos de electricidade. Não se deve tocar em objectos metálicos que estejam em contacto com fios eléctricos. Para evitar ferimentos deve proteger-se com roupa adequada. Deve vestir-se calças, camisa de mangas compridas e calçar sapatos fortes. Deve observar-se se há pequenos incêndios e apagá-los. Deve limpar-se urgentemente o derrame de tintas, pesticidas e outras substâncias perigosas e inflamáveis; deve afastar-se das praias porque depois de um sismo pode ocorrer um tsunami (onda gigante). Deve soltar-se os animais que eles tratam de si próprios; se se estiver na rua, não se deve ir para casa; se houver feridos, deve-se ajudá-los. Mas deve-se ter cuidado, não se deve remover feridos com fracturas, a não ser que haja perigo de incêndio, inundação ou derrocada. Deve pedir-se ajuda. Deve ligar-se o rádio e ficar atento às instruções difundidas e não se deve utilizar o telefone, excepto em caso de extrema urgência (feridos graves, fugas de gás ou incêndios).  

Modo de ocorrência
            A energia acumulada durante anos de deformação liberta-se sob a forma de ondas sísmicas, que se propagam em todas as direcções, acabando por atingir a superfície terrestre.
            A região do interior da Terra onde se origina um sismo denomina-se hipocentro ou foco sísmico. O ponto da superfície terrestre, situado na vertical próximo do hipocentro designa-se epicentro.
             O hipocentro pode localizar-se a poucos quilómetros de profundidade ou atingir profundidades próximas dos setecentos quilómetros. No entanto, são geralmente os sismos cujos hipocentros são superficiais que provocam maior destruição.
            Os grandes sismos são, muitas vezes, precedidos e sucedidos por pequenos sismos designados, respectivamente, abalos premonitórios e réplicas.
            Para medir a intensidade de um sismo utiliza-se a escala de Mercalli Modificada. Tem doze valores, baseia-se nas observações das destruições causadas e nos relatos de testemunhas. Apenas se trata de uma descrição dos factos:
            I – As pessoas não sentem nada.
            II – As vibrações são sentidas por pessoas nos andares superiores dos prédios.
            III – Os candeeiros balançam; a vibração é comparável à causada pela passagem de um pequeno camião.
            IV – Os pratos, os talheres e as janelas vibram; a vibração é comparável à causada pela passagem de um camião de quinze toneladas.
            V – As pessoas a dormir acordam; pratos e janelas partem.
            VI – As chaminés caem; a mobília desloca-se.
            VII – Os muros e os edifícios de estrutura fraca caem.
            VIII – Alarme geral; ruína dos edifícios débeis.
            IX – Pânico; fundações dos edifícios afectadas; canalizações rebentadas; fissuras no terreno.
            X – Grande ruína; os carris dobram; as pontes caem; solo fortemente afectado.
            XI – Poucas estruturas resistem; grandes fendas no solo.
            XII – Destruição total da paisagem.
            Também há outra escala chamada escala de Richter que mede a magnitude de um sismo. A magnitude é a quantidade de energia libertada por um sismo no hipocentro.
            Por vezes, quando o epicentro se situa no mar, produzem-se ondas gigantescas, denominadas tsunamis, que se propagam a grandes distâncias. Estas podem atingir uma velocidade de cerca de setecentos quilómetros por hora e uma altura superior a dez metros.

Causas
            Todos os sismos são provocados pelo mesmo fenómeno: ruptura de material rochoso. O material que existe próximo da superfície da terra tem um comportamento elástico. Quando é sujeito a pressões fortes que ultrapassem o limite de elasticidade, dá-se a ruptura e é neste momento que o sismo ocorre.




Exemplos
Sismo de Lisboa de 1755

            Tudo começou numa tranquila e clara manhã de sábado, a 1 de Novembro de 1755, às 9h40. Era o Dia de Todos-os-Santos e a maioria das pessoas, 250000 lisboetas, enchia as igrejas. De repente, a cidade começou a tremer violentamente. Nesse momento, ocorreu um segundo tremor muito mais forte do que o primeiro e desmoronaram-se as fachadas dos edifícios da praça. Uma nuvem espessa de pó cobriu tudo e, quando se dissipou, a praça era um amontoado de pedras, sepultura de todos os que nela se encontravam.
            Os edifícios atingidos pelo primeiro abalo não resistiram ao segundo e, ao desmoronarem-se sobre as ruas estreitas, sepultaram tanto os seus moradores como os que tentavam fugir.
            Centenas de pessoas fugiram até ao cais, achando que era mais seguro. Então ergueu-se uma onda de quinze metros de altura que esmagou a estrutura do cais e engoliu todos os que aí se encontravam. A água recuou e tornou a avançar por duas vezes consecutivas sobre a cidade, arrastando consigo escombros, barcos e cadáveres. Como se a água e os tremores de terra não bastassem, Lisboa sofreu também um grande incêndio.
            Foi um sismo de magnitude 8,5.Os lisboetas que estavam na igreja disseram que era castigo de Deus. Mais de 60000 pessoas morreram esmagadas, afogadas ou queimadas em Lisboa.

Sismo de Sichuan (China) de 2008

            Às 14h28, hora local, em 12 de Maio de 2008, ocorreu um violento sismo que abalou a zona de Wenchuan, na província de Sichuan, na República Popular da China. Teve o epicentro vinte e nove quilómetros abaixo a superfície terrestre e foi sentido a milhares de quilómetros de distância. Também em Banguecoque, na Tailândia (a cerca de 3300 quilómetros do epicentro), o sismo foi sentido, e os edifícios abanaram durante alguns minutos. Foi um sismo de magnitude 8,0 na escala de Richter.
            Estima-se que mais de 85000 pessoas terão falecido e mais de 358000 tenham ficado feridas devido a este sismo. Na província de Sinchuan pelo menos seis escolas ruíram. Numa delas 900 estudantes ficaram soterrados. Perto do condado de Beichuan Qiang oitenta por cento das construções foram destruídas. Passado seis dias ocorreu uma réplica do sismo de forte intensidade às 1h08 (hora local).
            Foi o sismo mais forte e mortífero na China desde o sismo de Tangshan de 1976, que matou mais de 250000 pessoas.