Páginas

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Dia Mundial da Terceira Idade

O Dia Mundial da Terceira Idade foi proclamado pelas Nações Unidas como forma de chamar a atenção do Mundo para a situação financeira, social e afectiva em que se vive nessa faixa etária. Apenas uma pequeníssima parcela da população idosa aufere rendimentos suficientes para levar uma existência minimamente aceitável. A maioria, infelizmente, passa bastantes dificuldades, competindo aos filhos suprir as necessidades económicas dos pais quando estes atingem uma idade avançada e, sobretudo, distribuir-lhes carinho idêntico àquele que deles receberam enquanto foram jovens. As crianças, por sua vez, deverão respeitar e valorizar o papel dos avós na vida familiar. Socialmente, nada há mais triste que abandonar idosos em lares, não permitindo a cooperação e a partilha de saber as diferentes gerações. Conta-se que, há muitos anos, numa terra longínqua, sempre que alguém atingia uma idade avançada, o seu filho entregava-lhe um cobertor e abandonava-o num monte, onde ficava a aguardar a morte. Certo dia um idoso, ao chegar a sua vez de ser deixado no referido monte, devolveu o cobertor ao filho, dizendo-lhe: “Fica com ele, assim já terás dois cobertores para te aqueceres quando também chegar a tua vez de vires para aqui”. Só então o filho se apercebeu de tão terrível que era aquele costume e trouxe de volta o pai ao seio familiar.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Restauração da Independência

            D. Sebastião, neto de D. João III, tornou-se rei ainda muito jovem. Desejoso de grandes feitos que lhe dessem glória, organizou um exército e partiu para o Norte de África, em 1578. Em Alcácer Quibir, o rei, inexperiente, deixou-se cercar pelos Mouros e, em poucas horas, o exército português foi derrotado e o rei morreu.
            O rei morreu sem deixar descendentes, por isso, o trono foi ocupado pelo seu tio-avô, o cardeal D. Henrique, que já tinha muita idade. D. Henrique morreu em 1580, sem conseguir escolher quem lhe sucedesse. Os pretendentes que se apresentaram para ocupar o trono de Portugal eram D. António, prior do Crato, e D. Filipe II de Espanha, netos de D. Manuel.
            D. António fez-se aclamar rei em Lisboa, Setúbal, Santarém e outras cidades pelo povo. Como resposta, em finais de 1580, um exército de D. Filipe entrou em Portugal e derrotou facilmente as forças que apoiavam prior do Crato.
            O rei espanhol convocou cortes em Tomar para que os diferentes grupos sociais reconhecessem o seu poder. Aí foi aclamado rei de Portugal com o nome de D. Filipe I e comprometeu-se a respeitar os interesses, os usos e os costumes do reino. Durante o reinado de D. Filipe I de Portugal, o governante não faltou aos seus compromissos. No entanto, no reinado de D. Filipe II e sobretudo no reinado de D. Filipe III, a situação alterou-se.
            A Espanha estava em guerra com vários países e Portugal viu-se envolvido num conflito que não era seu. As terras portuguesas no Oriente, em África e no Brasil foram atacadas por aqueles países e os portugueses foram forçados a combater nos exércitos espanhóis.
            A nobreza, descontente, começou a reunir-se em segredo, isto é, a conspirar contra os representantes de D. Filipe III. Os conspiradores conseguiram o apoio do Duque de Bragança D. João, que aceitou ser rei de Portugal se a revolta triunfasse.
            No dia 1 de Dezembro de 1640, um grupo de cerca de 40 nobres atacou o palácio real restaurando a independência de Portugal. O Duque de Bragança foi, então, aclamado rei com o título de D. João IV. A notícia da revolta foi bem recebida pelo País.
            O rei espanhol não pôde pegar logo em armas para controlar a Revolta de 1640. Como Portugal sabia que ele havia de voltar, D. João teve de preparar a defesa do país formando um exército, comprando ou mandando fabricar armas e construindo fortalezas.
            As lutas entre os exércitos português e espanhol iniciaram-se em 1644 e tiveram lugar sobretudo junto à fronteira. Os ataques foram quase sempre iniciados pelos Espanhóis, tendo-se os Portugueses comportado como defensores. As lutas prolongaram-se para além da morte de D. João IV. Em 1668 foi assinado o tratado de paz e reconhecida a independência de Portugal por Espanha.         

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Homero

            Homero  (em grego, μηρος - Hómēros, na transliteração) foi o primeiro grande poeta grego cuja obra chegou até nós. Teria vivido no século VIII a.C., período coincidente com o ressurgimento da escrita na Grécia. Consagrou o género épico com as obras Ilíada e Odisseia. Além destas, mas sem respaldo histórico ou literário, são a ele atribuídas as obras Margites, poema cómico a respeito de um herói trapalhão; a Batracomiomaquia, paródia burlesca da Ilíada que relata uma guerra fantástica entre ratos e rãs, e os Hinos homéricos.     
            Já antes do início do pensamento filosófico, as riquíssimas obras de Homero (Ilíada e Odisseia) tendem a aproximar os deuses dos homens, num movimento de racionalização do divino. Os deuses homéricos, que viviam no Monte Olimpo, possuíam uma série de características antropomórficas.
            “A pessoa de Homero está para sempre imersa nas trevas impenetráveis da lenda. Ignoramos quando viveu; não sabemos que terra privilegiada lhe ouviu os primeiros vagidos (...) Venerandas tradições representavam-no como um velho cantor, pobre e cego que, peregrinando de terra em terra, recompensava a quem o agasalhava com a declamação dos seus poemas”. (Augusto Magne)
            Entre os Gramáticos Alexandrinos, Zenão e Helânico consideravam improvável a Ilíada e a Odisseia terem sido compostas por um único autor, já que a Odisseia lhes parecia um ou dois séculos posterior à Ilíada.
            Aristerco, contemporâneo de Selão e Melânicueca, não acreditava nesta separação, mas supunha que aos poemas iniciais fora acrescido outros poemas independentes. No caso da Ilíada estariam entre os possíveis acréscimos: o duelo entre Menelau e Paris, a gesta de Diomedes, o duelo de Heitor e Ajax, a embaixada a Aquiles, o relato da ira de Melagrosso, a descrição da confecção do escudo de Aquiles etc. sendo que esses poemas autónomos teriam sido concatenados a uma Ilíada original, Proto-Ilíada, esta atribuída a Homero.
            A nova teoria, dos acréscimos posteriores, teve amplo respaldo. Tinha-se basicamente três teorias: a primeira que Homero era autor dos dois poemas; a segunda que só da Ilíada; a terceira que dos dois poemas, mas em dimensões menores. Unanimidade nunca houve sobre o assunto, nem entre os alexandrinos, nem entre aqueles que o sucederam. Com instruídos estudos filológicos e não menos fábulas, sentenciaram-se veredictos pela Antiguidade. Provavelmente, na Idade Média e no Renascimento também, mas esse processo é, quase sempre, circular e infrutuoso.
No século XVIII surgem três importantes publicações: uma de François d'Aubignac, outra de Giambattista Vico e outra de Friedrich August Wolf. Todas, aliando razões históricas, filológicas ou estéticas; idênticas ou não, trazem uma tese nova e controvertida: Homero jamais teria existido, seria seu nome simplesmente uma alegoria. Traziam como outra hipótese, que Homero tivesse sido apenas um compilador das rapsódias tomadas aos aedos e até mesmo ao próprio povo do período heróico grego.
Estes últimos argumentos foram gratíssimos aos românticos; já que consideravam que uma verdadeira epopeia deveria emergir espontaneamente de um povo. Talvez por esse motivo obtiveram um respaldo tão amplo.
Durante o século XIX e primeira metade do XX, afervorou-se a discussão. Foi quando se publicaram desde compêndios a volumosas edições com teses para se tratar da questão. Intelectuais digladiavam-se formando dois grupos opostos: um defendia a autoria única, outro a compilação.
Recentemente tem-se arrefecido a discussão, deitando-se lumes apenas às questões linguísticas. Mesmo porque na antiguidade tão remota pouca certeza há, e conjecturas muitas.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Os Jogos Olímpicos Modernos

Os Jogos Olímpicos compõem um evento desportivo que ocorre a cada quatro anos, e que reúne atletas de quase todos os países do mundo, para competirem em várias categorias de desporto como, por exemplo, o Atletismo, a Natação ou a Ginástica. Aos três primeiros classificados de cada prova, são atribuídas medalhas de ouro (primeiro classificado), prata (segundo classificado) e bronze (terceiro classificado). O período decorrido entre duas edições dos Jogos Olímpicos chama-se Olimpíada.
Após o imperador cristão Teodósio I em 393 ter proibido os Jogos Olímpicos, em 1896, um aristocrata francês, Barão de Coubertin, recuperou-os tentando reavivar o espírito das primeiras Olimpíadas. Ele pensou que se os Jogos Olímpicos se voltassem a realizar, isso seria uma forma de celebrar a paz entre as nações. Nessa época, o seu país acabara de ser humilhado numa guerra-relâmpago com a Alemanha. Assim, ele lançou sucessivos apelos, tanto aos governos quanto às entidades desportivas dos países mais poderosos da Europa, para que voltassem a realizar essas competições, à semelhança daqueles da Antiguidade. Em 1892, num congresso na Sorbonne, o Barão consegue que alguns países se comprometam a enviar atletas para a primeira competição olímpica da Era Moderna, cujo local ainda seria decidido. Em 1894 é criado o Comité Olímpico Internacional (COI), entidade não-governamental que seria inicialmente presidida por Demetrius Vikelas e mais tarde pelo próprio Pierre de Coubertin. Inicialmente Coubertin desejava que os primeiros Jogos Olímpicos se realizassem em 1900 em Paris, mas ficou decidido que se realizariam antes em Atenas em 1896, o que inicialmente provocou alguns problemas, devido à dificuldade em obter apoio financeiro por parte do governo grego. Com o empenho do COI foi possível obter o apoio da Família Real da Grécia, principalmente do Príncipe Constantino, para que os primeiros jogos em Atenas se tornassem realidade (o sistema de rotatividade entre cidades do mundo só foi definido anos depois). Assim, em Abril de 1896, começam na capital grega os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna. Estes continuaram a ser realizados de quatro em quatro anos, tal como a tradição grega, e só foram interrompidos durante as duas Grandes Guerras Mundiais.
Inicialmente, os Jogos Olímpicos eram disputados apenas por atletas amadores. Entretanto, no fim do século XX, a competição foi aberta a atletas profissionais e crianças.
Dada a importância e a visibilidade dos Jogos para o mundo, estes têm também, nos últimos anos, sido usados como espaço para confrontos políticos e reivindicações.
Os Jogos Olímpicos, apesar de serem, em teoria, um evento para participação mundial, é inegável que as Olimpíadas possuam um carácter ainda centralizado no hemisfério norte, onde surgiram, e onde se localiza a maior parte dos tais “países desenvolvidos”. Não por acaso, as Olimpíadas são jogos de Verão, mas o Verão do norte, que vai de Junho a Setembro, quando os atletas têm calor suficiente para treinar e competir. Deixam de fora, assim, os chamados “desportos de Primavera”, que necessitam de neve para a sua realização, fundamentalmente. Para abrigar essas modalidades, o COI criou os Jogos Olímpicos de Inverno, disputados sempre no hemisfério Norte, anteriormente coincidindo com os quadriénios dos Jogos originais, que mais tarde (a partir de 1994) foi alterado, com diferença de dois anos entre cada evento.
Prosseguindo os projectos de abrir as modalidades olímpicas a todos os desportistas do mundo, o COI cria as Paraolimpíadas em 1952, dedicadas especificamente aos atletas com alguma deficiência física. De 1968 a 1984, esses Jogos Paraolímpicos foram realizados nas mesmas cidades dos jogos convencionais.
Curiosamente, nos Jogos da Antiguidade, os países abandonavam todo o conflito político-militar quando chegasse a época dos desportos. O próprio carácter internacional da competição teve início quando três reis de cidades-estado gregas assinaram um tratado de paz em Olímpia, prometendo enviar para lá, a cada quatro anos, os seus melhores atletas. O século XX fez com que essa tradição fosse invertida: os Jogos é que se interrompiam quando as guerras estouravam, e isso ocorreu três vezes até hoje (1916, 1940 e 1944). Essas duas guerras também viram morrer vários atletas, inclusive medalhistas, que se convertiam em soldados – continuavam disputando pelas suas bandeiras, mas a derrota nessa outra contenda é sempre inaceitável. A triste ironia faz parecer que os Jogos Olímpicos ainda precisam transcender o estatuto de instituição desportiva e passar a ser efectivamente uma força de união pacífica global – exactamente o desejo que o Barão de Coubertin deixou no seu testamento.
A bandeira olímpica é branca com cinco anéis entrelaçados. Foi idealizada por Barão de Coubertin em 1913. A primeira, de 3m x 2m, foi costurada na loja Bom Marché, em Paris, e fez a sua aparição oficial no ano seguinte. Mas só seria hasteada num estádio nos Jogos de 1920. Os anéis representam os continentes (azul, Europa; amarelo, Ásia; preto, África; verde, Oceânia; e vermelho, América). Com as cinco cores podem ser compostas por grande parte das bandeiras do mundo. Ao criar o símbolo dos jogos, as cidades devem usar anéis misturados a outros elementos. A bandeira traz também o lema olímpico “Citius, altius, fortius” (mais rápido, mais alto, mais forte), idealizado por um monge francês chamado Didon, o amigo do Barão de Coubertin, em 1890.
A chama olímpica é outro dos símbolos dos Jogos Olímpicos e é um símbolo que segundo a lenda Prometeu (deus) teria roubado o fogo a Zeus (deus) para o entregar aos mortais.
Existem centenas de desportos, e nem todos podem ser considerados como modalidades olímpicas, pelo que se encontrou um termo que permite seleccionar os que terão lugar nos Jogos Olímpicos. Actualmente, para um desporto ser considerado Olímpico tem que ser praticado por homens em pelo menos 75 países e em quatro continentes, e por mulheres em pelo menos 40 países e em três continentes.
Por sua vez, muitos dos desportos olímpicos subdividem-se em duas ou mais disciplinas, existindo ainda competições separadas para homens e mulheres.

A Origem do Carnaval

O Carnaval começa no princípio da nossa civilização e remonta à antiga Suméria e Egipto, na origem dos rituais, estão as celebrações da fertilidade e das colheitas nas primeiras lavouras, às margens do rio Nilo, há mais de seis mil anos atrás.
Na Grécia Antiga, as celebrações faziam-se em homenagem a Dionísio, deus do vinho, da cultura e da transformação. Segundo a mitologia, Dionísio foi expulso do Monte Olimpo e sempre que regressava à Grécia nos primeiros dias da Primavera era saudado pelos seus fiéis com danças exóticas e muitas bebidas.
Na Roma Antiga, a festa era celebra da nas ruas pelas sacerdotisas que adoravam Dionísio. As sacerdotisas dançavam e gritavam por toda a cidade, provocando a desordem que contagiava as pessoas que passavam nas ruas. Mais tarde, as Saturnálias, em homenagem ao deus Saturno, celebravam a liberdade e a igualdade entre os homens.
Foi na Idade Média que surgiu a palavra “Carnaval” que para uns, deriva de “carrum navalis”, que eram os carros navais que faziam a abertura das Dionisías Gregas nos séculos VII e VI a.C., mas para outros, a palavra surgiu quando Gregório, o Grande, 590 d.C. transferiu o início da Quaresma para quarta-feira, antes do sexto domingo que procede a Páscoa. Ao sétimo Domingo, denominado de “quinquagésimo” deu-se o nome de “Dominica ad carne levandas”, expressão que seria sucessivamente abreviada para “carne levandas”, “carne levale”, “carne levamen”, “carneval” e “Carnaval”. Todas estas variantes são de dialectos italianos e significam acção de tirar, que quer dizer: “retirar a carne” e refere-se à proibição religiosa do consumo de carne durante os quarenta dias que dura a Quaresma.

Quadro "O Grito"

O Grito (no original Skrik) é uma pintura do norueguês Edvard Munch, datada de 1893. A obra representa uma figura andrógina num momento de profunda angústia e desespero existencial. O pano de fundo é a doca de Oslofjord (em Oslo) ao pôr-do-sol. O Grito é considerado como uma das obras mais importantes do movimento expressionista e adquiriu um estatuto de ícone cultural, a par da Mona Lisa de Leonardo da Vinci.
A fonte de inspiração d’O Grito pode ser encontrada na vida pessoal do próprio Munch, um homem educado por um pai controlador, que assistiu em criança à morte da mãe e de uma irmã. Decidido a lutar pelo sonho de se dedicar à pintura, Munch cortou relações com o pai e integrou a cena artística de Oslo. A escolha não lhe trouxe a paz desejada, bem pelo contrário. Munch acabou por se envolver com uma mulher casada que só lhe trouxe mágoa e desespero e no início da década de 1890, Laura a sua irmã favorita, foi diagnosticada com doença bipolar e internada num asilo psiquiátrico. O seu estado de espírito está bem patente nas linhas que escreveu no seu diário:
“Passeava com dois amigos ao pôr-do-sol – o céu ficou de súbito vermelho-sangue – eu parei, exausto, e inclinei-me sobre a mureta – havia sangue e línguas de fogo sobre o azul-escuro do fjord e sobre a cidade – os meus amigos continuaram, mas eu fiquei ali a tremer de ansiedade – e senti o grito infinito da Natureza.”
Munch imortalizou esta impressão no quadro O Desespero, que representa um homem de cartola e meio de costas, inclinado sobre uma vedação num cenário em tudo semelhante à da sua experiência pessoal. Não contente com o resultado, Munch tentou uma nova composição, desta vez com uma figura mais andrógina, de frente para o observador e numa atitude menos contemplativa e mais desesperada. Tal como o seu precursor, esta primeira versão d’O Grito recebeu o nome de O Desespero. Segundo um trabalho de Robert Rosenblum (um especialista da obra do pintor), a fonte de inspiração para esta figura humana estilizada terá sido uma múmia peruana que Munch viu na exposição universal de Paris em 1887.
O quadro foi exposto pela primeira vez em 1903, como parte de um conjunto de seis peças, intitulado Amor. A ideia de Munch era representar as várias fases de um caso amoroso, desde o encantamento inicial a uma rotura traumática. O Grito representava a última etapa, envolta em sensações de angústia.
A recepção crítica foi duvidosa e o conjunto Amor foi classificado como arte demente (mais tarde, o regime nazi classificou Munch como artista degenerado e retirou toda a sua obra em exposição na Alemanha). Um crítico considerou o conjunto, e em particular O Grito, tão perturbador que aconselhou mulheres grávidas a evitar a exposição. A reacção do público, no entanto, foi a oposta e o quadro tornou-se em motivo de sensação. O nome O Grito surge pela primeira vez nas críticas e reportagens da época.
Munch acabou por pintar quatro versões d’O Grito, para substituir as cópias que ia vendendo. O original de 1893 (91x73.5 cm), numa técnica de óleo e pastel sobre cartão, encontra-se exposto na Galeria Nacional de Oslo. A segunda (83,5x66 cm), em têmpera sobre cartão, foi exibida no Munch Museum de Oslo até ao seu roubo em 2004. A terceira pertence ao mesmo museu e a quarta é propriedade de um particular. Para responder ao interesse do público, Munch realizou também uma litografia (1900) que permitiu a impressão do quadro em revistas e jornais.

As Maiores Palavras da Língua Portuguesa

As maiores palavras da língua portuguesa são:
1. Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico, que define uma pessoa acometida por uma doença pulmonar causada pela aspiração de cinzas vulcânicas, chamada pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiose ou pneumoconiose. O vocábulo de 46 letras ganhou o seu primeiro registo no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (página 2242) em 2001.
2. Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiose é nome da doença cuja palavra para o portador ocupa o primeiro. Também chamada de pneumoconiose — forma resumida e actual — é causada pela aspiração de microscópicas partículas de cinzas vulcânicas. Inclusive, tal enfermidade é a maior palavra do inglês: pneumoultramicroscopicsilicovolcanoconiosis, com 45 letras, uma a menos que no português.
3. Hipopotomonstrosesquipedaliofobia é uma doença psicológica que se caracteriza pelo medo irracional (ou fobia) de pronunciar-se palavras grandes ou complicadas. Contém 33 letras.
4. Anticonstitucionalissimamente, com 29 letras, é a quarta maior palavra do nosso idioma. O maior advérbio da língua portuguesa descreve algo que é feito contra a constituição.
5. Oftalmotorrinolaringologista, o especialista em doenças dos olhos, ouvidos, nariz e garganta, ocupa o quinto lugar da nossa língua, com 28 letras.
6. Inconstitucionalissimamente ocupa o sexto lugar. O advérbio, com 27 letras, é sinónimo de anticonstitucionalissimamente. É tida geralmente como a mais longa palavra de língua portuguesa pelo Guinness Book of Records. Possui 27 letras e é um advérbio que designa o mais alto grau de inconstitucionalidade.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O Efeito de Estufa

O efeito de estufa é um processo que ocorre quando uma parte da radiação solar reflectida pela superfície terrestre é absorvida por determinados gases presentes na atmosfera. Como consequência disso, o calor fica retido, não sendo libertado para o espaço. O efeito de estufa dentro de uma determinada faixa é de vital importância pois, sem ele, a vida como a conhecemos não poderia existir. Serve para manter o planeta aquecido, e assim, garantir a manutenção da vida.
O que se pode tornar catastrófico é a ocorrência de um agravamento do efeito de estufa que destabilize o equilíbrio energético no planeta e origine um fenómeno conhecido como aquecimento global. O IPCC (Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas, estabelecido pela Organização das Nações Unidas e pela Organização Meteorológica Mundial em 1988), no seu relatório mais recente, diz que a maior parte deste aquecimento, observado durante os últimos 50 anos, se deve muito provavelmente a um aumento dos gases do efeito de estufa.
Os gases de estufa (dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e clorofluorcarbonetos - CFC´s) absorvem alguma radiação infravermelha emitida pela superfície da Terra e radiam, por sua vez, alguma da energia absorvida de volta para a superfície. Como resultado, a superfície recebe quase o dobro de energia da atmosfera do que a que recebe do Sol e a superfície fica cerca de 30 °C mais quente do que estaria sem a presença dos gases «de estufa».
Um dos piores gases é o metano, cerca de 20 vezes mais potente que o dióxido de carbono, e é produzido pela flatulência dos ovinos e bovinos, sendo que a pecuária representa 16% da poluição mundial. Os cientistas procuram a solução para esse problema e estão a desenvolver um remédio para tentar resolver o caso. Na Nova Zelândia pensou-se em cobrar-se taxas por vaca, para compensar o efeito dos gases emitidos.
Ao contrário do significado literal da expressão «efeito de estufa», a atmosfera terrestre não se comporta como uma estufa (ou como um cobertor). Numa estufa, o aquecimento dá-se essencialmente porque a convecção é suprimida. Não há troca de ar entre o interior e o exterior. Ora acontece que a atmosfera facilita a convecção e não armazena calor: em média, a temperatura da atmosfera é constante e a energia absorvida transforma-se imediatamente na energia cinética e potencial das moléculas que existem na atmosfera. A atmosfera não reflecte a energia radiada pela Terra. Os seus gases, principalmente o dióxido de carbono, absorvem-na. E se radia, é apenas porque tem uma temperatura finita e não por ter recebido radiação. A radiação que emite nada tem que ver com a que foi absorvida. Tem um espectro completamente diferente.
O efeito de estufa, embora seja prejudicial em excesso, é na verdade vital para a vida na Terra, pois é ele que mantém as condições ideais para a manutenção da vida, com temperaturas mais amenas e adequadas. Porém, é o excesso dos gases responsáveis pelo efeito de estufa, ao qual se desencadeia um fenómeno conhecido como o aquecimento global, que é o grande vilão.
O problema do aumento dos gases de estufa e sua influência no aquecimento global, tem colocado em confronto forças sociais que não permitem que se trate deste assunto do ponto de vista estritamente científico. Alinham-se, de um lado, os defensores das causas antropogénicas, como principais responsáveis pelo aquecimento acelerado do planeta. São a maioria e omnipresentes na média. Do outro lado estão os "cépticos", que afirmam que o aquecimento acelerado está muito mais relacionado com causas intrínsecas da dinâmica da Terra, do que com a reclamada poluição, que mais rápido causa os efeitos indesejáveis à vida sobre a face terrestre do que propriamente a capacidade de reposição planetária. Ambos os lados apresentam argumentos e são apoiados por forças sociais.
A poluição dos últimos duzentos anos tornou mais espessa a camada de gases existentes na atmosfera. Essa camada impede a dispersão da energia luminosa proveniente do Sol, que aquece e ilumina a Terra e também retém a radiação infravermelha (calor) emitida pela superfície do planeta. O efeito do espessamento da camada gasosa é semelhante ao de uma estufa de vidro para plantas, o que originou o seu nome. Muitos desses gases são produzidos naturalmente, como resultado de erupções vulcânicas, da decomposição de matéria orgânica e da fumaça de grandes incêndios. A sua existência é indispensável para a existência de vida no planeta, mas a densidade actual da camada gasosa é devida, em grande medida, à actividade humana. Na escala global, o aumento exagerado dos gases responsáveis pelo efeito estufa provoca o aquecimento global, o que tem consequências catastróficas. O degelo das calotas polares, dos chamados "gelos eternos" e de geleiras, por exemplo, eleva o nível das águas dos oceanos e dos lagos, submergindo ilhas e amplas áreas litorais, densamente povoadas. O super aquecimento das regiões tropicais e subtropicais contribui para intensificar o processo de desertificação e de proliferação de insectos nocivos à saúde humana e animal. A destruição de habitats naturais provoca o desaparecimento de espécies vegetais e animais. Multiplicam-se as secas, inundações e furacões, com a sua sequela de destruição e morte.
O mecanismo que mantém aquecido o ambiente das estufas de vidro é a restrição das perdas convectivas quando o ar é aquecido pelo contacto com o solo que, por sua vez, é aquecido pela radiação solar. No entanto, o chamado «efeito de estufa» na atmosfera, não tem a ver com a supressão da convecção. A atmosfera facilita a convecção e não armazena calor: absorve alguma da radiação infravermelha emitida pela superfície da Terra e radia, por sua vez, alguma da energia absorvida de volta para a superfície. Como resultado, a superfície recebe quase o dobro de energia da atmosfera do que a que recebe do Sol e a superfície fica cerca de 30 °C mais quente do que estaria sem a presença da atmosfera.
Toda a absorção da radiação terrestre acontecerá próximo à superfície, isto é, nas partes inferiores da atmosfera, onde ela é mais densa, pois em maiores altitudes a densidade da atmosfera é baixa demais para ter um papel importante como absorvedor de radiação (excepto pelo caso do ozono). O vapor de água, que é o mais poderoso dos gases estufa, está presente nas partes inferiores da atmosfera, e desta forma a maior parte da absorção da radiação dar-se-á na sua base. O aumento dos gases de estufa na atmosfera, mantida a quantidade de radiação solar que entra no planeta, fará com que a temperatura aumente nas suas partes mais baixas. O resultado deste processo é o aumento da radiação infravermelha da base da atmosfera, tanto para cima como para baixo. Como a parte inferior (maior quantidade de matéria) aumenta mais de temperatura que o topo, a manutenção do balanço energético (o que entra deve ser igual ao que sai) dá-se pela redistribuição de temperaturas da atmosfera terrestre. Os níveis inferiores ficam mais quentes e os superiores mais frios. A irradiação para o espaço exterior dar-se-á em níveis mais altos, com uma temperatura equivalente à de um corpo negro irradiante, necessária para manter o balanço energético em equilíbrio.
As avaliações do IPCC são os mais completos resumos do estado da arte nas previsões do futuro do planeta, considerando vários cenários possíveis.
A fossilização de restos orgânicos (vegetais e animais) ocorreu ao longo da história da Terra, mas a grande quantidade preservada por fossilização ocorreu a partir do início do período Carbonífero, entre 350 e 290 milhões de anos antes do presente, numa forma mais ou menos pura de carbono, isenta de agentes oxidantes. Este material está preservado sob a forma de carvão mineral. A partir de cerca de 200 milhões de anos começou a preservar-se o petróleo e o gás natural; estes materiais são compostos de carbono e hidrogénio. Resumindo, o carbono e o hidrogénio, combustíveis, são isolados do meio oxidante, preservando a sua potencialidade de queimar em contacto com o oxigénio, produzindo vários gases do efeito de estufa, sendo o dióxido de carbono e o metano os mais importantes. O metano é um gás com potencial de efeito de estufa cerca de 20 vezes mais potente que o gás carbónico (dióxido de carbono). O metano é um gás, na maior parte primordial, emitido principalmente pelos vulcões de lama, pela digestão dos animais e decomposição do lixo. O metano é oxidado em regiões de vulcões de lava, tornando-se gás carbónico.
Tanto o carvão mineral, quanto o petróleo e o gás natural são chamados, no jargão dos engenheiros e ambientalistas, de fontes não renováveis de energia. As energias produzidas por geradores eólicos, células solares, biomassa, hidroelétricas, etc, são consideradas fontes renováveis.
A Revolução Industrial, iniciada na Europa no século XVIII, provocou a exumação do carvão enterrado há milhões de anos, em proporções gigantescas, com o objectivo de girar as máquinas a vapor recém inventadas. A produção de carvão mineral ainda é muito grande. Para se ter uma ideia do volume de carvão que necessita de ser mineralizado no mundo, basta dizer que 52% de toda a energia eléctrica consumida nos Estados Unidos são provenientes da queima de carvão mineral. Proporções semelhantes ou ainda maiores são utilizadas na China, Rússia e Alemanha. Considerando o consumo actual e futuro, calcula-se que ainda exista carvão para mais 400 anos.
Com o advento da produção em escala industrial dos automóveis, no início do século XX, iniciou-se a produção e o consumo em massa do petróleo e, de utilização mais recente, o gás natural na produção da energia eléctrica, aquecimento doméstico e industrial e no uso de automóveis.
O processo da queima de combustíveis fósseis criou condições para a melhoria da qualidade de vida da humanidade, porém produz como resíduo o dióxido de carbono e outras substâncias químicas, também muito poluidoras.
Os gases produzidos pela queima de combustíveis fósseis seguem vários caminhos: parte é absorvida pelos oceanos e entra na composição dos carbonatos que constituem as carapaças de muitos organismos marinhos ou é simplesmente dissolvida na água oceânica e finalmente depositada no assoalho oceânico como carbonatos. À medida que estes animais vão morrendo, depositam-se no fundo do mar, retirando o carbono, por longo tempo, do ciclo geoquímico. Outra parte é absorvida pelas plantas que fazem a fotossíntese, tanto marinhas (algas e bactérias) como pelas florestas, ao qual transformam o carbono colectado da atmosfera em material lenhoso, reiniciando o ciclo de concentração e fossilização dos compostos carbonosos, se as condições ambientais locais assim o permitirem. O que interessa aqui, no entanto, é que uma parte importante do dióxido de carbono concentra-se na atmosfera.
A maior parte do aumento do dióxido de carbono ocorreu nos últimos 100 anos, com o crescimento mais acentuado a partir de 1950. As melhores previsões para os próximos 100 anos (isto é, para o ano de 2100) estão a ser realizadas pelos pesquisadores do IPCC, patrocinado pela ONU.
No melhor dos cenários, a emissão anual de CO2 no ano de 2100 será de cinco teratoneladas (1012 toneladas) de carbono, com uma concentração de 500 partes por milhão por volume de CO2, um aumento de temperatura de cerca de 1,5 °C e um aumento do nível médio dos mares de 0,1 m.
Nos piores cenários (os negócios mantidos como são nos dias de hoje), a emissão anual de CO2 em 2100 será de 30 Gton, a concentração de CO2 atingirá 900 partes por milhão por volume, a temperatura média da terra estará entre 4,5 °C e 6,0 °C mais elevada e o nível médio dos mares terá subido 90 centímetros.
A temperatura aumentou em média 0,7 °C nos últimos 140 anos, e pode aumentar mais 5 °C até o ano 2100. "A emissão exagerada de gases causadores do efeito de estufa está a provocar mudanças climáticas. A dificuldade é separar o joio do trigo", explica Gilvan Sampaio. Existem ciclos naturais de mudanças de temperatura na Terra e é difícil entender quanto desse aumento foi natural e quanto foi consequência de acções humanas. Com o objectivo de diminuir as emissões de gases de efeito estufa, o Protocolo de Quioto, assinado por 84 países, determina uma redução de, em média, 5,2%. O debate em torno do protocolo evidenciou as diferenças políticas entre a Europa e os Estados Unidos, que mesmo sendo o maior poluidor do planeta não entrou no acordo. "Os europeus estam a sofrer há décadas com as consequências da poluição, como as chuvas ácidas, e com episódios climáticos atípicos, como grandes enchentes. Os países da Europa estam a desenvolver alternativas não poluentes como energia eólica, que já configuram parte importante da matriz energética de alguns deles", diz o geólogo Alex Peloggia, especialista em política internacional.
Depois disso, deve-se comentar um pouco da história do descobrimento do "efeito de estufa" e dos seus desdobramentos científicos e políticos ao longo do tempo.
Jean-Baptiste Fourier, um famoso matemático e físico francês do século XIX, foi o primeiro a formalizar uma teoria sobre o efeito dos gases de estufa, em 1827. Ele mostrou que o efeito de aquecimento do ar dentro das estufas de vidro, utilizadas para manter plantas de climas mais quentes no clima mais frio da Europa, se repetiria na atmosfera terrestre. Em 1860, o cientista britânico John Tyndall mediu a absorção de calor pelo dióxido de carbono e pelo vapor de água. Ele foi o primeiro a introduzir a ideia de que as grandes variações na temperatura média da Terra que produziriam épocas extremamente frias, como as chamadas "idades do gelo" ou muito quentes (como a que ocorreu na época da transição do Cretáceo para o Terciário), poderiam ser devidas às variações da quantidade de dióxido de carbono na atmosfera.
No seguimento das pesquisas sobre o efeito de estufa, o cientista sueco Svante Arrhenius, em 1896, calculou que a duplicação da quantidade de CO2 na atmosfera aumentaria a sua temperatura de 5 a 6 °C. Este número está bastante próximo do que está a ser calculado com os recursos científicos actuais. Os relatórios de avaliação do IPCC 2001 situam estes números entre 1,5 °C - melhor dos cenários e 4,5 °C - no pior, com uma concentração de cerca de 900 ppm de CO2 na atmosfera no ano de 2100. O passo seguinte na pesquisa foi dado por G. S. Callendar, na Inglaterra. Este pesquisador calculou o aquecimento devido ao aumento da concentração de CO2 pela queima de combustíveis fósseis. Pesquisadores no final da década de 1950 (século XX) observaram que, com o aumento de CO2 na atmosfera, os seres humanos estavam a conduzir um enorme (e perigoso) experimento geofísico.
A medição de variação do CO2 na atmosfera iniciou-se no final da década de 1950 no observatório de Mauna Kea no Havai, depois de os EUA lançarem o seu primeiro satélite espacial, no Cinturão Van Allen.
Deve-se aqui comentar que o efeito de estufa não é um mal em si, pelo contrário, a humanidade, e a maioria dos seres vivos hoje existentes simplesmente não existiriam sem este fenómeno, pois a Terra teria uma temperatura média de cerca de 6 °C negativos. Esta seria, pois, um congelador de grandes proporções. O problema é o agravamento do efeito de estufa e a velocidade da mudança.
Segundo o cientista social e director de pesquisas do “Centre National de la Recherche Scientifique” (CNRS), Michael Löwy, o enfrentamento das disputas relativas aos problemas climáticos, assim como da questão ambiental em geral, requer uma mudança nos próprios fundamentos da economia, com alteração dos nossos hábitos de consumo e da nossa relação com a natureza.