Homero (em grego, Ὅμηρος - Hómēros, na transliteração) foi o primeiro grande poeta grego cuja obra chegou até nós. Teria vivido no século VIII a.C., período coincidente com o ressurgimento da escrita na Grécia. Consagrou o género épico com as obras Ilíada e Odisseia. Além destas, mas sem respaldo histórico ou literário, são a ele atribuídas as obras Margites, poema cómico a respeito de um herói trapalhão; a Batracomiomaquia, paródia burlesca da Ilíada que relata uma guerra fantástica entre ratos e rãs, e os Hinos homéricos.

“A pessoa de Homero está para sempre imersa nas trevas impenetráveis da lenda. Ignoramos quando viveu; não sabemos que terra privilegiada lhe ouviu os primeiros vagidos (...) Venerandas tradições representavam-no como um velho cantor, pobre e cego que, peregrinando de terra em terra, recompensava a quem o agasalhava com a declamação dos seus poemas”. (Augusto Magne)
Entre os Gramáticos Alexandrinos, Zenão e Helânico consideravam improvável a Ilíada e a Odisseia terem sido compostas por um único autor, já que a Odisseia lhes parecia um ou dois séculos posterior à Ilíada.
Aristerco, contemporâneo de Selão e Melânicueca, não acreditava nesta separação, mas supunha que aos poemas iniciais fora acrescido outros poemas independentes. No caso da Ilíada estariam entre os possíveis acréscimos: o duelo entre Menelau e Paris, a gesta de Diomedes, o duelo de Heitor e Ajax, a embaixada a Aquiles, o relato da ira de Melagrosso, a descrição da confecção do escudo de Aquiles etc. sendo que esses poemas autónomos teriam sido concatenados a uma Ilíada original, Proto-Ilíada, esta atribuída a Homero.
A nova teoria, dos acréscimos posteriores, teve amplo respaldo. Tinha-se basicamente três teorias: a primeira que Homero era autor dos dois poemas; a segunda que só da Ilíada; a terceira que dos dois poemas, mas em dimensões menores. Unanimidade nunca houve sobre o assunto, nem entre os alexandrinos, nem entre aqueles que o sucederam. Com instruídos estudos filológicos e não menos fábulas, sentenciaram-se veredictos pela Antiguidade. Provavelmente, na Idade Média e no Renascimento também, mas esse processo é, quase sempre, circular e infrutuoso.
No século XVIII surgem três importantes publicações: uma de François d'Aubignac, outra de Giambattista Vico e outra de Friedrich August Wolf. Todas, aliando razões históricas, filológicas ou estéticas; idênticas ou não, trazem uma tese nova e controvertida: Homero jamais teria existido, seria seu nome simplesmente uma alegoria. Traziam como outra hipótese, que Homero tivesse sido apenas um compilador das rapsódias tomadas aos aedos e até mesmo ao próprio povo do período heróico grego.
Estes últimos argumentos foram gratíssimos aos românticos; já que consideravam que uma verdadeira epopeia deveria emergir espontaneamente de um povo. Talvez por esse motivo obtiveram um respaldo tão amplo.
Durante o século XIX e primeira metade do XX, afervorou-se a discussão. Foi quando se publicaram desde compêndios a volumosas edições com teses para se tratar da questão. Intelectuais digladiavam-se formando dois grupos opostos: um defendia a autoria única, outro a compilação.
Recentemente tem-se arrefecido a discussão, deitando-se lumes apenas às questões linguísticas. Mesmo porque na antiguidade tão remota pouca certeza há, e conjecturas muitas.
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