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sábado, 28 de agosto de 2010

A lagartixa-da-montanha

A lagartixa-da-montanha (lacerta monticola) mede no máximo 15 cm, do focinho à ponta da cauda. É uma espécie vulnerável, vivendo no máximo 10 anos. Em Portugal só existe uma das suas subespécies, a lacerta monticola monticola, na Serra da Estrela.
A cauda da lagartixa da montanha atinge normalmente mais do dobro do comprimento do corpo, excepto quando regenerada. Estes animais são aplanados e têm membros pentadáctilos. As escamas dorsais são geralmente imbricadas, pontiagudas e com uma carena central (saliência longitudinal). Dorsal e lateralmente apresentam tons pardos ou esverdeados, com duas linhas dorso-laterais nítidas de cor amarelada ou branca. O ventre é esbranquiçado. Por trás da inserção dos membros existem geralmente manchas azuladas. Na região posterior do corpo e começo da cauda, as tonalidades são mais esverdeadas. A coloração dos juvenis é semelhante, embora as linhas dorso-laterais possam não ser tão nítidas.
Esta espécie está presente na metade ocidental da Cordilheira Cantábrica, do Sistema Central e de Galiza, em Espanha, e na Serra da Estrela, em Portugal. As três subespécies encontram-se confinadas a regiões geográficas distintas: a lacerta monticola monticola existe na Serra da Estrela, em Portugal; a lacerta monticola cantábrica habita na Cordilheira Cantábrica e em Galiza; e a lacerta monticola cyreni vive no Sistema Central espanhol.
A população desta espécie (subespécie lacerta monticola monticola) encontra-se restrita ao Planalto Central da Serra da Estrela, estando isolada em relação a outras populações do Sistema Central espanhol, o que a torna particularmente sensível. Distribui-se acima dos 1400 m até ao topo do Planalto Central, mas no próprio Planalto está ausente ou ocorre em densidades muito baixas no sector Este (área envolvente das Penhas da Saúde) e a norte do Planalto (área envolvente das Penhas Douradas).
É uma espécie típica de áreas de montanha de substrato rochoso, associada a prados de altitude e matos de urze e giesta e povoamentos de zimbro, embora na Galiza surja em baixas altitudes associada a cursos de água com vegetação ripícola.
Esta espécie distribui-se pelos matos de urze e giestas, que sofrem progressiva redução com o aumento de altitude, sendo substituídos por povoamentos de zimbro, formados por plantas baixas e dispersas, e por extensões de coberto herbáceo. Os habitats do Planalto caracterizam-se igualmente pelo elevado coberto rochoso, que é dominante em certas zonas, aumentando, regra geral, com a altitude.
A maioria das fêmeas atinge a maturidade sexual somente aos três anos, efectuando apenas uma postura por ano, com 2 a 11 ovos, variando em função das condições ambientais. O ciclo reprodutor dura cerca de 3-4 meses, estando o seu início sujeito a oscilações condicionadas pela variação anual das condições climáticas. Após um período inactivo invernal de 5-6 meses, a época de cópula inicia-se em meados de Março num ano e em Maio nos restantes anos avaliados, durando cerca de 15 dias e ocorrendo a postura cerca de um mês depois. Os recém-nascidos aparecem em fins de Agosto ou Setembro. Mesmo entre cada ano, há variações decorrentes das diferenças de altitude.
Os machos adultos defendem territórios de tamanho variável, dependendo da densidade da população. Na Serra da Estrela oscilam entre 90 e 200 m2; em Guadarrama e Gredos variam entre 8.5 e 442 m2.
Alimenta-se de insectos e outros artrópodes, apresentando uma dieta com variações estacionais, em função da disponibilidade, predominando os dípteros, coleópteros, formigas e aranhas, podendo também alimentar-se de larvas de insectos e minhocas.
A elevada concentração espacial da população num tipo de habitat muito específico é por si só um importante factor de ameaça, tornando a espécie particularmente sensível à destruição e fragmentação do seu habitat.
O facto de esta ser única e, aparentemente, não estruturada em diversas sub-populações, poderá constituir uma das mais importantes ameaças à sua persistência a longo prazo. Estes factores contribuem para agravar a situação que resulta do facto da área total da distribuição ser já de si, muito reduzida, pois possibilitam que a actuação de certo tipo de fenómenos, por exemplo epidémicos ou catastróficos, tenham maior probabilidade de afectar toda ou grande parte da população.
A concentração espacial dos efectivos num tipo de habitat muito específico torna igualmente a população muito vulnerável a qualquer intervenção humana que ponha em causa a destruição dos habitats de que a espécie está dependente. Atendendo a que esta população se encontra já isolada e impossibilitada de manter fluxos migratórios com as populações vizinhas, a fragmentação do seu habitat pode levar à divisão em núcleos mais pequenos, com a consequente perda da variabilidade genética.
A crescente utilização das áreas de montanha para actividades de recreio e lazer constitui uma séria ameaça para a espécie. Intervenções em alta montanha, relacionadas com a construção de infra-estruturas, em especial para o esqui, alteram o seu habitat de modo irreversível.
Quando existem incêndios, de grandes proporções, podem afectar fortemente esta população, na medida em que ocorrem na área de distribuição da espécie, destruindo uma parte substancial do seu habitat favorável.
Também as queimadas efectuadas para obtenção de pastos para o gado são uma prática habitual na área de distribuição desta espécie, sendo a gravidade deste factor dependente da extensão de terreno queimado e da periodicidade com que ocorre.

Bibliografia:

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A lagartixa-do-mato-ibérica

A lagartixa-do-mato-ibérica (Psammodromus hispanicus) mede, do focinho ao ventre, 5 cm. É uma espécie não ameaçada e vive à volta de 3 anos. Em Portugal, habita principalmente no Centro e Sul, estendendo-se pelo interior até às serras de Montesinho e da Nogueira.
É uma lagartixa de pequeno tamanho, apresenta uma cabeça curta e de aspecto robusto e escamas dorsais imbricadas, pontiagudas e claramente carenadas. A coloração dorsal de fundo pode ser esverdeada, acastanhada ou acinzentada. Apresenta várias listas longitudinais mais claras, normalmente esbranquiçadas ou verde-claras. Entre elas existem manchas mais escuras, formando por vezes bandas transversais. Na zona ventral, estes animais são esbranquiçados ou amarelados, podendo existir pequenas manchas escuras, particularmente na garganta e no pescoço.
Habita em áreas secas e abertas, preferencialmente em solos arenosos ou pouco compactos, com cobertura arbustiva baixa mais ou menos dispersa.
É uma lagartixa totalmente diurna e terrestre, ainda que, em caso de perigo ou simplesmente para procurar alimento, possa por vezes trepar a arbustos pequenos. Mais lenta que a espécie congénere, está bem adaptada à progressão na areia, enterrando-se nela com facilidade quando perseguida. Passa por um período de inactividade invernal, o que se enterra no solo, normalmente entre as raízes dos arbustos. Embora muito termófila, durante o Verão reduz a sua actividade nas horas de maior calor. Emite um pequeno grito agudo quando é agarrada, ao mesmo tempo que tenta morder o agressor. Por serem animais muito territoriais, os machos passam grande parte do seu tempo a perseguirem-se. Nesta espécie parece haver comportamentos de luta ritualizados. Entre os movimentos característicos dessa situação refere-se que os animais executam por vezes reviravoltas rápidas, golpeando a cabeça do adversário com a cauda.
A época de reprodução inicia-se pouco tempo após o final da hibernação e o período de acasalamento é normalmente em Março, e dura até entre Maio e Julho. É nesta altura que actividade da espécie é maior. Durante o acasalamento o macho corre atrás da fêmea mordiscando-a em diferentes partes do corpo. No entanto, as fêmeas são igualmente agressivas e respondem da mesma forma. As posturas são feitas a partir de Abril até Junho e são compostas por 2 a 6 ovos, sendo que as fêmeas podem efectuar uma a duas posturas anuais.
Alimenta-se principalmente de invertebrados de pequeno tamanho, destacando-se em particular as aranhas, escaravelhos, gafanhotos e formigas.

Bibliografia:

A lagartixa-ibérica

A lagartixa-ibérica (Podarcis hispânica) mede entre 5 a 7 cm, sendo esse o seu máximo de comprimento, do focinho ao ventre. É uma espécie não ameaçada e vive à volta de 3 anos. Em Portugal está presente em todo o território.
É a mais grácil das lagartixas portuguesas. Tem uma forma tipicamente aplanada, que facilita a sua vida nas rochas. O seu tamanho é médio, cabeça achatada, com órbitas salientes e focinho pontiagudo. A coloração dorsal de fundo é geralmente parda, frequentemente com tonalidades esverdeadas mais ou menos intensas, sobretudo nos machos. Os flancos apresentam um reticulado acastanhado ou negro. A parte ventral é geralmente esbranquiçada ou amarelada.
Ocorre numa enorme variedade de habitats, geralmente associados a substratos rochosos e pedregosos. Prefere zonas abertas, nomeadamente em carvalhais, sobreirais e olivais dispersos. É também frequente em áreas urbanizadas, onde ocupa muros, casas abandonadas e locais ajardinados.
Esta lagartixa encontra-se activa durante praticamente todo o ano. É um animal extremamente ágil, desconfiado e esquivo. Trepa rápida e perfeitamente por pedras, muros ou outros substratos rochosos onde procura refúgio nas fendas, tirando partido da sua peculiar morfologia, com a cabeça e corpo achatados. Ao ser capturada emite sons perfeitamente audíveis, ao mesmo tempo que tenta mordiscar.
O período de acasalamento inicia-se em Fevereiro. Neste mês ocorrem lutas territoriais e perseguições dos machos às fêmeas. Os primeiros defendem activamente pequenos territórios, sendo frequente perderem a cauda nas lutas com outros machos. As cópulas estendem-se de Fevereiro até Abril e têm uma duração variada, desde poucos minutos até cerca de uma hora. O macho mantém a fêmea imóvel, mordendo-a no baixo ventre ou, mais raramente, na base da cauda. As posturas ocorrem entre Abril e Julho, de forma que muitas fêmeas são capazes de realizar duas e, excepcionalmente, três posturas por ano (variando de 1 a 5 ovos por postura).
Trata-se de uma espécie insectívora, que se alimenta de presas de pequeno tamanho, tais como moscas, mosquitos, centopeias, aranhas, gafanhotos, formigas e escaravelhos.

Bibliografia:

A lagartixa-do-mato

A lagartixa-do-mato (Psammodromus algirus) mede 9 cm (contando apenas a cabeça e o corpo), podendo chegar aos 30. É uma espécie não ameaçada e vive entre 5 a 7 anos. Em Portugal encontra-se praticamente em todo o país, com excepção de uma pequena área do litoral Norte.
É uma lagartixa de tamanho médio, tendo uma cabeça alta e de aspecto robusto. As escamas dorsais são imbricadas, pontiagudas na extremidade e com uma quilha ou carena central bem evidente. A sua identificação também é fácil através do padrão de coloração, pelo menos nos exemplares mais típicos, em que o dorso é castanho, com duas linhas laterais esbranquiçadas que se juntam ao nível dos membros posteriores. A região ventral é normalmente esbranquiçada, com tons avermelhados ou alaranjados na parte posterior do corpo, em especial na zona de inserção da cauda.
Pode viver numa grande diversidade de habitats, encontrando-se, em particular, associado a pinhais com solo arenoso e a locais com cobertura arbustiva mais ou menos densa.
É uma espécie de actividade sobretudo diurna, é extremamente ágil e possui notáveis capacidades trepadoras. Muito termófila, só se retira para o seu abrigo quando desaparecem os últimos raios solares. Sempre vigilantes, ao ouvirem um ruído estranho imobilizam-se completamente, podendo permanecer nessa posição durante algum tempo. Todavia, se nos aproximamos fogem a grande velocidade, refugiando-se nos matos ou trepando por arbustos e árvores.
A época de reprodução estende-se de Abril a Julho. O macho, engalanado com as suas melhores cores (das quais sobressai o vermelho), presta-se então aos jogos amorosos, nos quais abundam as corridas atrás das fêmeas e as pequenas dentadas, sobretudo nos membros, cabeça e cauda destas. Como consequência, muitas vezes a cauda das fêmeas acaba amputada. Após algumas perseguições, finalmente, com uma dentada no baixo ventre, o macho imobiliza a sua eleita e consuma rapidamente a cópula. Normalmente a duração desta não se prolonga por mais do que alguns minutos. É uma espécie ovípara, podendo efectuar várias posturas (até três) por temporada.
Esta lagartixa alimenta-se principalmente de invertebrados de pequeno tamanho, entre os quais, aranhas, escaravelhos, gafanhotos e formigas.

Bibliografia:

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Anexo: Dentição das Serpentes

Aqui está uma tabela os as diferentes dentições das serpentes. A sua tabela apresenta um tipo de dentição que não existe em nenhuma espécie de cobra em Portugal.

Dentição das Serpentes
Aglifas
Opistoglifas
Solenoglifas
(a = ausência + glyphé = sulco)
(opisthos = atrás)
(soleno = canal)
1
2
3
Não apresenta dentes com especialização para a inoculação de veneno.
Não apresenta dentes com especialização para a inoculação de veneno.
O dente anterior é oco, formando um canal por onde irá escorrer o veneno. O osso da maxila é bastante móvel, o que permite ao dente anterior deslocar-se para frente e para trás, com isso a injecção do veneno será mais precisa.


















proteróglifas
(protero = dianteiro)
4
O dente com sulco localiza-se na parte anterior da boca.





1. Aglifa



2. Opistoglifa







3. Solenoglifa














4. Proteróglifa

Bibliografia:

Anexo: Chave de Identificação de Alguns Répteis

Esta tabela apresenta apenas algumas serpentes existentes a outros répteis. Mas esse será o próximo tema a ser falado neste blogue. Esta tabela serve apenas para ajudar a identificar serpentes quando são encontradas inesperadamente.

Chave de Identificação de Serpentes e Répteis Serpentiformes
1.
Corpo pequeno em forma de minhoca, subdividido em anéis bem distintos.
Cobra-cega
Corpo diferente.
2
2.
Dorso de coloração mais ou menos uniforme ou com manchas não formando um desenho regular e bem individualizado.
3
Dorso com manchas, listas ou faixas formando um padrão regular
7
3.
Dorso com coloração uniforme, com pequenas manchas escuras mais ou menos dispersas. Sem faixa escura atrás do olho.
4
Dorso com numerosas manchas escuras, dispersas ou agrupadas em faixas transversais irregulares. Faixa escura atrás do olho.
6
4.
Pescoço com colar branco-amarelado, bordejado de negro.
Cobra-de-água-de-colar (jovem)
Animal sem colar.
5
5.
Cobra grande com cristas salientes por cima e por baixo dos olhos.
Cobra-rateira
Cobra de tamanho médio sem cristas salientes em volta dos olhos.
Cobra-de-água-de-colar
6.
Colar escuro em volta do pescoço. Sem faixa escura entre os olhos.
Cobra-de-capuz
Sem colar em volta do pescoço mas com faixa escura entre os olhos.
Cobra-bordalesa
7.
Animal com patas reduzidas.
8
Animal desprovido de patas.
9
8.
Dorso com 9 ou mais listas longitudinais escuras. Patas com 3 dedos.
Fura-pastos-grande
Dorso com 3 listas longitudinais escuras. Patas com 5 dedos.
Fura-pastos-ibérico
9.
Cobra grande com 2 listas longitudinais escuras e estreitas no dorso.
Cobra-riscada
Cobra diferente.
10
10.
Cobra com faixas transversais escuras alternadas no dorso.
Cobra-riscada (jovem)
Cobra diferente.
11
11.
Dorso com manchas centrais maiores, dispostas separadamente ao longo da linha média.
12
Dorso com manchas centrais formando uma faixa longitudinal mais ou menos contínua, ondulada ou em ziguezague.
13
12.
Mancha escura em forma de V invertido por cima do pescoço.
Cobra-de-ferradura
Sem mancha em forma de V na parte posterior da cabeça.
Cobra-rateira (jovem)
13.
Focinho não pontiagudo. Com 1 a 2 manchas em forma de V invertido na parte posterior da cabeça.
Cobra-de-água-viperina
Focinho pontiagudo, com um “chifre” bem distinto. Sem manchas em forma de V no pescoço.
Víbora-cornuda

 Bibliografia:

http://www.almargem.org/images/articles/117/Serpentes.pdf










A cobra-de-capuz

A cobra-de-capuz (Macroprotodon brevis) mede, no máximo, 65 cm, é uma espécie não vulnerável e, em Portugal, é uma das cobras mais raras e menos conhecidas, vivendo em matagais, montados e zonas rochosas.
É uma espécie de serpente opistoglifa, que produz um veneno neurotóxico mas dada a posição recuada das presas nas maxilas não é, em condições normais, perigosa para o homem.
É uma espécie de hábitos essencialmente crepusculares e nocturnos, refugiando-se de dia sob as pedras edifícios em ruínas ou tocas de outros animais.
Alimenta-se principalmente de micromamíferos e pequenos lagartos, muitas das espécies subterrâneas, pelo que se admite que seja de hábitos fossadores.
As posturas, constituídas por 2 a 7 ovos, ocorrem em Junho ou Julho. Dois meses depois nascem os jovens.

Bibliografia:

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A cobra-de-água-de-colar

A cobra-de-água-de-colar (Natrix natrix) mede entre 100 a 120 centímetros, podendo atingir os 200 cm, é uma espécie não ameaçada e vive, em condições naturais, à volta de 19 anos. Em Portugal, está presente em quase todo o território.
É uma cobra de cabeça larga e bem definida e focinho arredondado. Possui escamas dorsais fortemente carenadas. A coloração dorsal é variável, podendo ir desde o acinzentado ao verde oliváceo e ao acastanhado. No dorso é frequente a existência de um desenho constituído por pequenas manchas escuras, dispersas irregularmente. Na região ventral é esbranquiçada ou acinzentada, com manchas quadrangulares escuras.
Habita uma grande variedade de biótopos, ocorrendo quase sempre junto a cursos de água, lagoas ou charcos, preferencialmente em bosques, zonas agrícolas e matagais. Pode encontrar-se também em águas salobras.
É uma espécie de hábitos essencialmente diurnos que pode exibir também actividade crepuscular e nocturna, sobretudo durante os meses mais quentes. Desenvolve a sua actividade tanto em meio aquático como em meio terrestre. É ágil, veloz e excelente nadadora.
A sua reprodução ocorre sobretudo durante a Primavera e o Outono. Os acasalamentos têm lugar entre Abril e Maio, embora possam ocorrer também entre o final do Verão e o Outono. As fêmeas depositam 6 a 70 ovos, entre Junho e Julho, em geral debaixo de troncos de madeira, montes de estrume e em buracos naturais. Em alguns casos, a postura é comunal, podendo-se observar num mesmo local centenas de ovos, por vezes misturados com ovos da cobra-de-água-viperina.
A sua alimentação é constituída essencialmente por invertebrados, anfíbios (larvas e adultos) e peixes. Ocasionalmente inclui também na dieta micromamíferos e répteis.

Bibliografia:

A cobra-de-água-viperina

A cobra-de-água-viperina (Natrix maura) mede entre 60 a 70 centímetros, chegando no máximo aos 130 cm, é uma espécie não ameaçada e vive, em condições normais, cerca de 20 anos. Em Portugal, está presente em todo o território.
É uma cobra de tamanho mediano, com uma cabeça bem diferenciada do resto do corpo, e o focinho curto e arredondado. Apresenta um corpo cilíndrico, coberto dorsalmente por escamas carenadas. Tem um padrão de coloração dorsal muito variável, podendo apresentar uma cor de fundo acastanhada, amarelada, esverdeada ou acinzentada. Sobre este fundo possui uma série de manchas acastanhadas ou negras, que alternam na região médio-dorsal, formando um zigue-zague ou uma série de bandas transversais. Na cabeça, destacam-se uma ou duas manchas escuras em forma de V invertido. Apresenta um ventre de cor esbranquiçada, amarelada ou avermelhada, com manchas negras quadrangulares.
Encontra-se associada a habitats aquáticos, habitando principalmente junto de lagos, charcos, represas, pântanos, barragens e cursos de água.
É activa tanto de dia como de noite, e evita o excesso de insolação permanecendo dentro de água ou entre a vegetação das margens. Por norma, a actividade desta cobra é interrompida nos meses mais frios. A sua actividade pode desenvolver-se tanto em meio terrestre como em meio aquático, sendo esta uma espécie mais aquática, o que a torna menos ágil e veloz em terra. Trepa com relativa facilidade por arbustos e rochas. Pode frequentemente ser avistada a aquecer-se sobre pedras nas proximidades da água ou semi-submersas.
Existem normalmente duas épocas de reprodução nesta espécie, uma na Primavera e outra no Outono. No entanto, geralmente não se verifica qualquer postura neste último período pelo que os ovos resultantes da fecundação outonal são postos apenas na Primavera seguinte. O número de ovos é bastante variável, podendo ir desde 4 até 32. São depositados normalmente nas proximidades da água, sob pedras, entre as raízes de arbustos ou entre restos vegetais em decomposição que, ao fermentarem, produzem o calor necessário à incubação. Por vezes várias fêmeas elegem o mesmo local para realizarem a postura, pelo que, transcorrido o período de incubação, se produzem nascimentos massivos. Após o nascimento, os juvenis recém eclodidos procuram imediatamente a água.
A sua dieta é constituída por larvas e adultos de todo o tipo de anfíbios, bem como por um grande número de peixes pequenos, tanto de água doce como salobra. Esporadicamente capturam alguns micromamíferos e répteis. Sem qualquer tipo de veneno, engole as presas de uma assentada, morrendo estas por asfixia, já no interior do estômago.

Bibliografia: