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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A lagartixa-de-bocage

A lagartixa-de-bocage (Podarcis bocagei) mede entre 5 a 10 cm, do focinho ao ventre. É uma espécie não ameaçada, apesar de haver falta de habitat. Apresenta uma longevidade máxima de quatro anos. Pode ser encontrada na região e arredores do Gerês e nas Berlengas. Em Espanha, encontra-se na zona noroeste.
É uma espécie bem distribuída numa grande variedade de habitats, mesmo em zonas de grande densidade populacional, como áreas urbanas. Habita, no entanto, em bosques de caducifólias em áreas de matos e zonas abertas, sendo esse o seu habitat mais característico. Também se pode encontrar na costa arenosa. Em Portugal, habita desde o nível do mar até aos 1500 metros de altitude, na Serra do Gerês.
É uma espécie endémica da Península Ibérica.
Esta espécie está dividida em duas subespécies:
·         Podarcis bocagei bocagei – encontra-se na zona do Gerês.
·         Podarcis bocagei berlengensis – encontra-se nas Berlengas.
A sua actividade inicia-se entre Fevereiro e Março e prolonga-se normalmente até Novembro. Se a temperatura não descer abaixo dos 10ºC podem ser encontrados indivíduos activos todo o ano.
O acasalamento dá-se entre Março e Julho. A postura é de dois a nove ovos e tem a duração de dois a três meses. Os 0vos eclodem entre Junho e Setembro.
Possuí uma alimentação insectívora, alimentando-se principalmente de aranhas e escaravelhos.
As cobras, os sardões e algumas rapinas, nomeadamente o peneireiro-vulgar, são os seus principais predadores. Usa como principais mecanismos de defesa, a fuga e a capacidade de separar a cauda do corpo.

Bibliografia:

terça-feira, 7 de setembro de 2010

A lagartixa-da-Madeira

Lagartixa-da-Madeira (proveniente das Selvagens)
A lagartixa-da-Madeira (Lacerta dugesii) mede entre 10 e 15 cm, podendo atingir os 20. É uma espécie não ameaçada. Em Portugal, encontra-se principalmente na Madeira.
A sua cor pode variar entre o castanho-claro ao cinzento-escuro, com alguns exemplares (normalmente machos) a poderem apresentar cores iridescentes, como o verde, azul e violeta. Os machos podem ser facilmente distinguidos das fêmeas devido à presença de uma prega nupcial de cor amarela na parte inferior das suas patas traseiras. Como todos os lacertídeos, possui a capacidade de destacar a sua cauda se se sentir em perigo, servindo o rabo solto, que se contorce energicamente, de distracção para os predadores, permitindo a fuga do animal. A cauda volta a crescer novamente, ocorrendo por vezes o fenómeno de um destes animais acabar por possuir duas caudas, quando a cauda antiga não é completamente seccionada.
As lagartixas-da-Madeira, ao contrário das suas congéneres continentais, são mais dóceis, podendo ser manipuladas com facilidade. Esta é uma característica provavelmente desenvolvida durante a sua evolução num território sem predadores terrestres, o que faz com estes seres também se aproximem dos seres humanos em busca de uma refeição grátis.
Lagartixa-da-Madeira (proveniente das Desertas)
Trata-se de uma espécie endémica do arquipélago português da Madeira, onde ocorre de forma abundante. Apesar de também existirem algumas populações nas ilhas dos Açores, estes exemplares são descendentes de animais introduzidos acidentalmente durante o século XIX por navios que faziam a rota entre os dois arquipélagos, nunca atingindo os números populacionais que atinge no seu território de origem. Existe ainda uma pequena população na zona portuária de Lisboa, provavelmente transportada acidentalmente nos navios de transporte de banana, e detectada pela primeira vez em 1992, tendo um estudo de 2001 verificado que a população tem se mantido estável em tamanho desde a sua descoberta.
A sua classificação sistemática é ainda alvo de controvérsia sendo que actualmente a espécie pode ser referida como fazendo parte dos géneros Teira, Podarcis ou Lacerta, sendo este último o mais utilizado em publicações científicas. Esta espécie pode ser dividida em quatro subespécies:
·                    Lacerta dugesii dugesii - que habita nas ilhas da Madeira e Desertas (Deserta Grande, Ilhéu Chão e Bugio). As populações introduzidas nos Açores e Lisboa pertencem a esta subespécie.
·                    Lacerta dugesii jogeri - que habita na ilha do Porto Santo.
·                    Lacerta dugesii selvagensis - que habita nas ilhas Selvagens. Ainda não é claro se esta população não terá sido introduzida pelo homem nestas ilhas.
·                    Lacerta dugesii mauli - também considerada aquela que habita nas Desertas.
Lagartixa-da-Madeira (proveniente dos Açores)
A lagartixa-da-Madeira é muito abundante na Madeira, sendo o único réptil nativo do território (com a excepção da osga-das-selvagens, que neste arquipélago ocorre apenas nas ilhas Selvagens). No entanto, com a globalização do comércio, outros répteis têm surgido na ilha, desde cobras (em especial cobras-arborícolas que são transportadas com os carregamentos de madeiras tropicais e pitons que são procuradas como animais de estimação e depois abandonadas quando crescem demasiado) a camaleões, lagartos e osgas. No entanto, nenhuma destas espécies parece conseguir formar uma população naturalizada permanente, provavelmente devido à escassez de alimento apropriado ou a condições climáticas adversas. A excepção parece ser a osga-comum, que parece ter estabelecido uma população naturalizada nas zonas de baixa altitude da costa sul da ilha da Madeira, nomeadamente na baixa do Funchal e Caniço de Baixo.
A lagartixa-da-Madeira está presente em todos os tipos de habitats terrestres do arquipélago, desde a costa até às montanhas mais altas, passando por áreas urbanas, áreas rurais, jardins, pastagens, floresta temperada, floresta mediterrânica, praias de calhau e de areia, etc.
Apesar de ser uma espécie essencialmente insectívora, frutos maduros e bagas (em especial amoras-silvestres) também fazem parte da sua dieta. Com a descoberta do arquipélago e posterior colonização, as lagartixas aproveitaram a oportunidade e passaram a incluir na sua dieta restos de alimentos e frutos de cultivo, sendo considerada, por vezes, uma praga de várias culturas, como as uvas e as frutícolas.

Bibliografia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lagartixa-da-madeira                                                  

Ordem: Squamata

Família
Género
Espécie
Nome vulgar
Gekkonidae
Hemidactylus
Hemidactylus turcicus
Osga-turca
Tarentola
Tarentola mauritanica
Osga-moura
Tarentola bischoffi
Osga-das-selvagens
Chamaeleonidae
Chamaeleo
Chamaeleo chamaeleon
Camaleão-comum
Anguidae
Anguis
Anguis fragillis
Licranço
Amphisbaenidae
Blanus
Blanus cinereus
Cobra-cega
Lacertidae
Acanthodactylus
Acanthodactylus erythrurus
Lagartixa-de-dedos-denteados
Lacerta
Lacerta lepida
Sardão
Lacerta schreiberi
Lagarto-de-água
Lacerta monticula
Lacerta dugesii
Podarcis
Podarcis bocagei
Podarcis carbonelli
Lagartixa-de-carbonell
Podarcis hispanica
Psammodromus
Psammodromus algirus
Psammodromus hispanicus
Scincidae
Chalcides
Chalcides bedriagai
Cobra-de-pernas-pentadáctila
Chalcides striatus
Fura-pastos

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Ordem: Ophidae (Serpentes)

Família
Género
Espécie
Nome vulgar
Colubridae
Coluber
Colluber hippocrepis
Coronella
Coronella austriaca
Coronella girondica
Rhinechis
Rhinechis scalaris
Macroprotodon
Macroprotodon brevis
Malpodon
Malpolon monspessulanus
Natrix
Natrix maura
Natrix natrix
Viperidae
Vipera
Vipera latastei
Vipera seoanei


A cobra-de-capuz também é conhecida como macroprotodon cucullatus.
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sábado, 28 de agosto de 2010

A lagartixa-da-montanha

A lagartixa-da-montanha (lacerta monticola) mede no máximo 15 cm, do focinho à ponta da cauda. É uma espécie vulnerável, vivendo no máximo 10 anos. Em Portugal só existe uma das suas subespécies, a lacerta monticola monticola, na Serra da Estrela.
A cauda da lagartixa da montanha atinge normalmente mais do dobro do comprimento do corpo, excepto quando regenerada. Estes animais são aplanados e têm membros pentadáctilos. As escamas dorsais são geralmente imbricadas, pontiagudas e com uma carena central (saliência longitudinal). Dorsal e lateralmente apresentam tons pardos ou esverdeados, com duas linhas dorso-laterais nítidas de cor amarelada ou branca. O ventre é esbranquiçado. Por trás da inserção dos membros existem geralmente manchas azuladas. Na região posterior do corpo e começo da cauda, as tonalidades são mais esverdeadas. A coloração dos juvenis é semelhante, embora as linhas dorso-laterais possam não ser tão nítidas.
Esta espécie está presente na metade ocidental da Cordilheira Cantábrica, do Sistema Central e de Galiza, em Espanha, e na Serra da Estrela, em Portugal. As três subespécies encontram-se confinadas a regiões geográficas distintas: a lacerta monticola monticola existe na Serra da Estrela, em Portugal; a lacerta monticola cantábrica habita na Cordilheira Cantábrica e em Galiza; e a lacerta monticola cyreni vive no Sistema Central espanhol.
A população desta espécie (subespécie lacerta monticola monticola) encontra-se restrita ao Planalto Central da Serra da Estrela, estando isolada em relação a outras populações do Sistema Central espanhol, o que a torna particularmente sensível. Distribui-se acima dos 1400 m até ao topo do Planalto Central, mas no próprio Planalto está ausente ou ocorre em densidades muito baixas no sector Este (área envolvente das Penhas da Saúde) e a norte do Planalto (área envolvente das Penhas Douradas).
É uma espécie típica de áreas de montanha de substrato rochoso, associada a prados de altitude e matos de urze e giesta e povoamentos de zimbro, embora na Galiza surja em baixas altitudes associada a cursos de água com vegetação ripícola.
Esta espécie distribui-se pelos matos de urze e giestas, que sofrem progressiva redução com o aumento de altitude, sendo substituídos por povoamentos de zimbro, formados por plantas baixas e dispersas, e por extensões de coberto herbáceo. Os habitats do Planalto caracterizam-se igualmente pelo elevado coberto rochoso, que é dominante em certas zonas, aumentando, regra geral, com a altitude.
A maioria das fêmeas atinge a maturidade sexual somente aos três anos, efectuando apenas uma postura por ano, com 2 a 11 ovos, variando em função das condições ambientais. O ciclo reprodutor dura cerca de 3-4 meses, estando o seu início sujeito a oscilações condicionadas pela variação anual das condições climáticas. Após um período inactivo invernal de 5-6 meses, a época de cópula inicia-se em meados de Março num ano e em Maio nos restantes anos avaliados, durando cerca de 15 dias e ocorrendo a postura cerca de um mês depois. Os recém-nascidos aparecem em fins de Agosto ou Setembro. Mesmo entre cada ano, há variações decorrentes das diferenças de altitude.
Os machos adultos defendem territórios de tamanho variável, dependendo da densidade da população. Na Serra da Estrela oscilam entre 90 e 200 m2; em Guadarrama e Gredos variam entre 8.5 e 442 m2.
Alimenta-se de insectos e outros artrópodes, apresentando uma dieta com variações estacionais, em função da disponibilidade, predominando os dípteros, coleópteros, formigas e aranhas, podendo também alimentar-se de larvas de insectos e minhocas.
A elevada concentração espacial da população num tipo de habitat muito específico é por si só um importante factor de ameaça, tornando a espécie particularmente sensível à destruição e fragmentação do seu habitat.
O facto de esta ser única e, aparentemente, não estruturada em diversas sub-populações, poderá constituir uma das mais importantes ameaças à sua persistência a longo prazo. Estes factores contribuem para agravar a situação que resulta do facto da área total da distribuição ser já de si, muito reduzida, pois possibilitam que a actuação de certo tipo de fenómenos, por exemplo epidémicos ou catastróficos, tenham maior probabilidade de afectar toda ou grande parte da população.
A concentração espacial dos efectivos num tipo de habitat muito específico torna igualmente a população muito vulnerável a qualquer intervenção humana que ponha em causa a destruição dos habitats de que a espécie está dependente. Atendendo a que esta população se encontra já isolada e impossibilitada de manter fluxos migratórios com as populações vizinhas, a fragmentação do seu habitat pode levar à divisão em núcleos mais pequenos, com a consequente perda da variabilidade genética.
A crescente utilização das áreas de montanha para actividades de recreio e lazer constitui uma séria ameaça para a espécie. Intervenções em alta montanha, relacionadas com a construção de infra-estruturas, em especial para o esqui, alteram o seu habitat de modo irreversível.
Quando existem incêndios, de grandes proporções, podem afectar fortemente esta população, na medida em que ocorrem na área de distribuição da espécie, destruindo uma parte substancial do seu habitat favorável.
Também as queimadas efectuadas para obtenção de pastos para o gado são uma prática habitual na área de distribuição desta espécie, sendo a gravidade deste factor dependente da extensão de terreno queimado e da periodicidade com que ocorre.

Bibliografia:

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A lagartixa-do-mato-ibérica

A lagartixa-do-mato-ibérica (Psammodromus hispanicus) mede, do focinho ao ventre, 5 cm. É uma espécie não ameaçada e vive à volta de 3 anos. Em Portugal, habita principalmente no Centro e Sul, estendendo-se pelo interior até às serras de Montesinho e da Nogueira.
É uma lagartixa de pequeno tamanho, apresenta uma cabeça curta e de aspecto robusto e escamas dorsais imbricadas, pontiagudas e claramente carenadas. A coloração dorsal de fundo pode ser esverdeada, acastanhada ou acinzentada. Apresenta várias listas longitudinais mais claras, normalmente esbranquiçadas ou verde-claras. Entre elas existem manchas mais escuras, formando por vezes bandas transversais. Na zona ventral, estes animais são esbranquiçados ou amarelados, podendo existir pequenas manchas escuras, particularmente na garganta e no pescoço.
Habita em áreas secas e abertas, preferencialmente em solos arenosos ou pouco compactos, com cobertura arbustiva baixa mais ou menos dispersa.
É uma lagartixa totalmente diurna e terrestre, ainda que, em caso de perigo ou simplesmente para procurar alimento, possa por vezes trepar a arbustos pequenos. Mais lenta que a espécie congénere, está bem adaptada à progressão na areia, enterrando-se nela com facilidade quando perseguida. Passa por um período de inactividade invernal, o que se enterra no solo, normalmente entre as raízes dos arbustos. Embora muito termófila, durante o Verão reduz a sua actividade nas horas de maior calor. Emite um pequeno grito agudo quando é agarrada, ao mesmo tempo que tenta morder o agressor. Por serem animais muito territoriais, os machos passam grande parte do seu tempo a perseguirem-se. Nesta espécie parece haver comportamentos de luta ritualizados. Entre os movimentos característicos dessa situação refere-se que os animais executam por vezes reviravoltas rápidas, golpeando a cabeça do adversário com a cauda.
A época de reprodução inicia-se pouco tempo após o final da hibernação e o período de acasalamento é normalmente em Março, e dura até entre Maio e Julho. É nesta altura que actividade da espécie é maior. Durante o acasalamento o macho corre atrás da fêmea mordiscando-a em diferentes partes do corpo. No entanto, as fêmeas são igualmente agressivas e respondem da mesma forma. As posturas são feitas a partir de Abril até Junho e são compostas por 2 a 6 ovos, sendo que as fêmeas podem efectuar uma a duas posturas anuais.
Alimenta-se principalmente de invertebrados de pequeno tamanho, destacando-se em particular as aranhas, escaravelhos, gafanhotos e formigas.

Bibliografia:

A lagartixa-ibérica

A lagartixa-ibérica (Podarcis hispânica) mede entre 5 a 7 cm, sendo esse o seu máximo de comprimento, do focinho ao ventre. É uma espécie não ameaçada e vive à volta de 3 anos. Em Portugal está presente em todo o território.
É a mais grácil das lagartixas portuguesas. Tem uma forma tipicamente aplanada, que facilita a sua vida nas rochas. O seu tamanho é médio, cabeça achatada, com órbitas salientes e focinho pontiagudo. A coloração dorsal de fundo é geralmente parda, frequentemente com tonalidades esverdeadas mais ou menos intensas, sobretudo nos machos. Os flancos apresentam um reticulado acastanhado ou negro. A parte ventral é geralmente esbranquiçada ou amarelada.
Ocorre numa enorme variedade de habitats, geralmente associados a substratos rochosos e pedregosos. Prefere zonas abertas, nomeadamente em carvalhais, sobreirais e olivais dispersos. É também frequente em áreas urbanizadas, onde ocupa muros, casas abandonadas e locais ajardinados.
Esta lagartixa encontra-se activa durante praticamente todo o ano. É um animal extremamente ágil, desconfiado e esquivo. Trepa rápida e perfeitamente por pedras, muros ou outros substratos rochosos onde procura refúgio nas fendas, tirando partido da sua peculiar morfologia, com a cabeça e corpo achatados. Ao ser capturada emite sons perfeitamente audíveis, ao mesmo tempo que tenta mordiscar.
O período de acasalamento inicia-se em Fevereiro. Neste mês ocorrem lutas territoriais e perseguições dos machos às fêmeas. Os primeiros defendem activamente pequenos territórios, sendo frequente perderem a cauda nas lutas com outros machos. As cópulas estendem-se de Fevereiro até Abril e têm uma duração variada, desde poucos minutos até cerca de uma hora. O macho mantém a fêmea imóvel, mordendo-a no baixo ventre ou, mais raramente, na base da cauda. As posturas ocorrem entre Abril e Julho, de forma que muitas fêmeas são capazes de realizar duas e, excepcionalmente, três posturas por ano (variando de 1 a 5 ovos por postura).
Trata-se de uma espécie insectívora, que se alimenta de presas de pequeno tamanho, tais como moscas, mosquitos, centopeias, aranhas, gafanhotos, formigas e escaravelhos.

Bibliografia: